segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Hoje? "Amar"

Hoje, repouso na desenvolta escuridão. Me vejo reconfortado.
Busco não mais a luz, e sim, mais escuridão.
Enterro cada novo pensamento de esperança, por sob placas de pesado, denso e indestrutível aço diamantado.
A cruz presa em meu peito tem nome. Nome de promessa, nome de amor. Substitui a máquina implacável que da vida.
Morto, me encontro agora, e faz tempo.
O relógio na parede em frente teme os ponteiros movimentar.
As badaladas tão pesadas como um martelo que ressôa um som de trovão.
Os fios agora compridos e quebradiços acompanham a pele fria e incolor.
O olhar, perdido e desesperado já não enxerga mais dor.
A boca ainda refinada, como se sempre restasse algo a dizer.
O nariz, antes atencioso, agora tem sempre desviada atenção.
Os ombros, antes sempre eretos, quase tocam o chão.
As pernas, antes poderosas, agora sempre flexionadas e sobre os joelhos estão.
Os braços, antes fortes e capazes de carregar o mundo, agora, finos como galhos secos estão.

Diz: Se amar, nos consome, por que amamos então?

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